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11/11/2011

S. Martinho 2

A lenda de S. Martinho

   Era uma vez um menino chamado Martinho. O seu pai era general e treinava os soldados do Imperador... 
   Um dia, o Imperador ordenou que o pai de Martinho se transferisse para Pavia, em Itália. Uma tarde, já em Pavia, enquanto Martinho cresceu e...
   O pai disse-lhe: - És alto e forte. Acho que já podes ser soldado! Nesse mesmo dia, pai e filho foram ao palácio do imperador. Martinho recebeu a espada, uma capa e a ordem para ir lutar para França. 

   Uma tarde, ia Martinho a caminho da cidade de Amiens, quando rebentou uma grande tempestade. O vento soprava frio e Martinho aconchegou-se melhor dentro da sua capa quentinha... Estava já a chegar às portas da cidade, quando viu, à beira da estrada, um homem a pedir esmola, cheio de frio. Martinho parou imediatamente o cavalo. Procurou algumas moedas no bolso, mas nada encontrou...

   Então teve uma ideia: - Vou dar-lhe metade da minha capa de soldado! Sem hesitar, pegou na espada, rasgou a capa em duas partes iguais e entregou uma metade ao homem. E, nesse momento, aconteceu um milagre... Para que nenhum dos homens passasse mais frio, as nuvens desapareceram e o Sol brilhou com toda a força. 

   É por isso que ainda hoje, quando faz sol em novembro, dizemos que é o Verão de S. Martinho! Martinho era um homem tão bom que se tornou santo. Hoje todos o conhecemos: no seu dia, 11 de Novembro, é costume fazer, uma festa onde se partilham castanhas em sua homenagem: o magusto.



   
   

Maria Castanha

   O céu já estava todo cinzento e quase nunca aparecia o sol, mas enquanto não chovia os meninos iam brincar para o jardim.
   Um jardim muito grande e bonito, com uma grade pintada de verde toda em volta, de modo que não havia perigo de os automóveis entrarem e atropelarem os meninos que corriam e brincavam à vontade, de muitas maneiras: uns andavam nos baloiços e nos escorregas, outros deitavam pão aos patos do lago, outros metiam os pés por entre as folhas secas e faziam-nas estalar - crac, crac - debaixo das botas, outros corriam de braços abertos atrás dos pombos, que se levantavam e fugiam, também de asas abertas.
  Era bom ir ao jardim. E mesmo sem haver sol, os meninos sentiam os pés quentinhos e ficavam com as bochechas encarnadas de tanto correr e saltar.
   Uma vez apareceu no jardim uma menina diferente: não tinha as bochechas encarnadas, mas uma carinha redonda, castanha, com dois grandes olhos escuros e brilhantes.
   - Como te chamas? - perguntaram-lhe.
   - Maria. Às vezes chamam-me Maria Castanha.
   - Que engraçado, Maria Castanha! Queres brincar?
   - Quero.
   Foram brincar ao jogo do apanhar.
   A Maria Castanha corria mais do que todos.
   - Quem me apanha? Ninguém me apanha!
   - Ninguém apanha a Maria Castanha!
   Ela corria tanto. Corria tanto que nem viu o carrinho do vendedor de castanhas que estava à porta do jardim, e foi de encontro a ele.
   Pimba!
   O saco das castanhas caiu e espalhou-as todas à reboleta pelo chão.
   A Maria Castanha caiu também e ficou sentada no meio das castanhas.
   - Ah, minha atrevida! - gritou o vendedor de castanhas todo zangado.
   - Foi sem querer - disse a Maria Castanha.
   - Foi sem querer - explicaram os outros meninos.
   - Eu ajudo a apanhar tudo - disse a Maria Castanha, de joelhos a apanhar as castanhas caídas.
   E os outros ajudaram também.
   Pronto. Ficarm as castanhas apanhadas num instante.
   - Onde estão os teus pais? - perguntou o vendedor de castanhas à Maria Castanha.
   - Foram à procura de emprego.
   - E tu?
   - Vinha à procura de amigos.
   - Já encontraste: nós somos teus amigos - disseram os meninos.
   - Eu também sou - disse o vendedor de castanhas.
   E pôs a mão nos cabelos da Maria Castanha, que eram frisados e fofinhos como a lã dos carneirinhos novos.
   Depois, disse:
   - Quando os amigos se encontram é costume fazer uma festa. Vamos fazer uma festa de castanhas. Gostam de castanhas?
   - Gostamos! Gostamos! - gritaram os meninos.
   - Não sei. Nunca comi castanhas, na minha terra não há      - disse Maria Castanha.
   - Pois vais saber como é bom.
   E o vendedor deitou castanhas e sal dentro do assador e pô-lo em cima do lume.
   Dali a pouco as castanhas estalavam... Tau! Tau!
   - Ai, são tiros? - assustou-se a Maria Castanha, porque vinha de uma terra onde havia guerra.
   - Não tenhas medo. São as castanhas a estalar com o calor.
   Do assador subiu um fumozinho azul-claro a cheirar bem.
   E azuis eram agora as castanhas assadas e muito quentes que o vendedor deu à Maria Castanha e aos seus amigos.
   - É bom, é - ria-se a Maria castanha a trincar as castanhas assadas.
   - Se me quiseres ajudar podes comer castanhas todos os dias. Sabes fazer cartuchos de papel?
   A Maria Castanha não sabia, mas aprendeu.
 É ela quem enrola o papel de jornal para fazer cartuchinhos onde o vendedor mete as castanhas que vende aos fregueses à porta do jardim.



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